terça-feira, 24 de agosto de 2010

promessa de criança

Ele devia ter três ou quatro anos na época. Um menino branquinho, de olhos claros e muito falante, era uma daquelas crianças habitués no bazar da dona Alice. Quem o trazia era a avó, vigorosa, simpática e igualmente falante, que sempre que podia, dava uma passada na loja que ficava bem na frente de seu prédio.
Um dia, o netinho se apaixonou por um carrinho. Não daqueles bobinhos, pequenos e que só andam a fricção. Nada disso. Era um carrinho de controle remoto, movido a pilhas, com antenas, que ele poderia pilotar. Um carrinho de menino grande.
"Vó, a gente pode levar esse carrinho?"
"Não, a vovó está sem dinheiro."
"Mas eu queria..."
"Mas a vovó está sem dinheiro..."
Ele parou, pensou e não demorou para achar uma solução, que propôs sem hesitar a quem poderia de fato resolver a questão.
"Tia Alice, eu posso levar esse carrinho e eu te trago um bolo?"
Minha mãe deu risada e logo lhe deu o carrinho. A avó pediu desculpas, insistiu que voltaria para pagar. Dona Alice repetiu que não era necessário: com um pedido original e irresistível assim, quem precisava de pagamento?
Alguns dias depois, o pequeno veio novamente visitar o bazar com sua avó - dessa vez carregando um bolo quase maior que ele.
"Tia Alice, eu trouxe esse bolo pra você! Eu que fiz!", anunciou ele, felicíssimo com sua façanha.
A avó depois contou, orgulhosa: seu netinho não havia se esquecido da promessa. Com sua ajuda, ele havia quebrado os ovos, colocado os ingredientes, batido a massa, levado ao forno. E tinha feito questão de ir carregando o bolo até a loja.
Hoje passados alguns anos, dona Alice nem se lembra de que sabor era o bolo. Mas garante que foi um dos melhores que já provou.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

pois não?

Dona Alice desembarcou no Brasil sem saber uma palavra em português. Já tinha em seu repertório o mandarim, língua oficial de Taiwan; o taiwanês, que falava em casa; e o hakkanês, que teve que aprender para se comunicar com os sogros. Nunca, nem nos seus sonhos mais absurdos, achou que um dia fosse aprender português. Cantonês, talvez. Inglês, quem sabe? Mas português?
As primeiras palavras que meu pai, que já havia passado uma temporada de cinco anos no Brasil antes do casamento, lhe ensinou foram "sim", "não" e "obrigada". Com esse kit de sobrevivência de exatos três vocábulos, dona Alice começou a se aventurar pelas ruas da cidade, primeiro tímida, depois intrépida, vendendo roupas de porta em porta.
A estratégia era simples: tocar a campainha e esperar alguém atender. Se a pessoa dissesse "não", meu pai havia ensinado, minha mãe teria que dizer "obrigada" e seguir para a próxima casa, porque a pessoa não estava interessada em comprar.
Ele só não contava com o "Pois não?" com que algumas senhoras atendiam a porta. Dona Alice só entendia o "não" e, diante da negativa, dizia "obrigada" e continuava em frente. Algumas senhoras corriam atrás dela, para completa confusão de minha mãe, que não entendia como elas mudavam de ideia tão rápido. Mas nada disso importava: ela entrava de bom grado nas casas, mostrava as roupas que carregava nas sacolas e se comunicava através de uma folha de papel com duas frases: "Quer comprar roupa?" e "Quanto?". As clientes achavam graça e sempre ofereciam bolo e chá para aquela chinesa de barrigão e maria-chiquinhas. Muitas são amigas até hoje.
Hoje dona Alice domina o português sem problemas e o "Pois não" faz parte de seu repertório de vendas. Assim como o "Posso ajudar? Se precisar de alguma coisa, é só chamar" - só para garantir.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

portas abertas

Em 34 anos, as únicas vezes em que minha mãe deixou de abrir o bazar foram em circunstâncias de luto: em 01 de abril de 1992, quando meu avô faleceu; e em 02 de novembro de 2004, quando meu pai faleceu. As portas de ferro abaixadas num dia de trabalho eram tão desconcertantes que quase dispensavam a plaquinha "Fechado por motivo de luto".
Abrir a loja sempre foi um ritual para dona Alice. Era o que marcava o início do dia, depois de despachar as crianças para a escola: levantar as portas de ferro, estender o toldo para proteger a vitrine do sol, limpar os vidros, varrer o chão. Quando morávamos nos fundos da loja, abrir o bazar era como abrir a sala para receber visitas. Hoje, 34 anos depois, ela ainda sai animada de casa, sempre comemorando: "Que bom que eu tenho uma loja para abrir!"
Depois da morte do meu pai, eu defendi a ideia de que o melhor seria fechar a loja. Vender, passar para frente, transformar em outro negócio. Achava que minha mãe nunca superaria a perda do meu pai se ela continuasse atrás dos balcões do bazar Liang. Meus irmãos, mais novos mas infinitamente mais sensatos, vetaram minha proposta. "A loja fica aberta", decidiram. "Depois a gente pensa no que vai fazer."
Nos dias que seguiram aquele triste dia de Finados em 2004, minha mãe não se permitiu ficar em casa. Abatida, ela havia perdido peso, cor e vida. A tristeza era infinita, as lágrimas teimavam em brotar, o vazio parecia crescer, mas dona Alice acordava cedinho, vestia cores sóbrias (por muito tempo após a morte do meu pai ela se recusou a usar vermelho, sua cor preferida) e ia abrir sua loja.
E foi através das portas abertas do bazar que vieram solidariedade e alento. Vizinhos, amigos e clientes, gente do bairro e gente de longe, todos vinham dar colo, trazer um bolo, oferecer um abraço, dizer quanto gostavam do meu pai e quanto torciam para que ela se recuperasse logo. Era uma força-tarefa para trazer a dona Alice de volta.
Dona Alice voltou. E abrir a loja continuou sendo o ritual que dava início ao dia. O que ela não sabia é que as portas abertas eram vias de mão dupla.
Outro dia, uma cliente de longa data, sempre bonita e cheia de vida, passou na frente da loja. Não cumprimentou, como costumava fazer. Continuou andando, cabisbaixa. Quase bateu a cabeça no suporte do toldo, mas nem percebeu. Minha mãe achou estranho. Soube depois que ela tinha perdido a irmã mais nova, de quem era muito próxima, para uma doença fulminante.
Hoje a cliente passou de novo na frente da loja. O dia estava ensolarado, mas ela vinha abatida, vestida de preto, o rosto sem expressão. Minha mãe largou tudo e chamou o nome dela. Ela parou, como se tivesse sido interrompida em seus pensamentos, e dona Alice simplesmente lhe deu um abraço. Ela chorou, chorou, chorou e disse que hoje fazia dois meses que a irmã dela havia falecido. Estava andando pelo bairro para ver se a tristeza passava um pouco.
Minha mãe lhe deu apenas dois conselhos práticos: "Não use mais preto. Preto não é bom. E venha mais aqui no bazar. Aqui você vai se distrair."
Ela limpou as lágrimas, deu outro abraço em dona Alice, e foi embora.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

tudo igual

Da série "Confusões de dona Alice":
Domingo à noite, família reunida assistindo "Em busca da felicidade", com Will Smith. O drama se passa em San Francisco, na Califórnia, onde eu morei dois anos da minha vida (na verdade era Berkeley, mas é tão pertinho...). Os olhos de dona Alice se iluminaram ao ver a Golden Gate Bridge na telinha.
"Adoro ver os lugares que eu já visitei na televisão!"
Logo engatamos um papo sobre lugares que ainda queremos conhecer nos EUA. Meu irmão elegeu Chicago. Eu escolhi Seattle (muitos episódios de Grey's Anatomy, imagino).




E minha mãe: "Seattle? Mas Seattle não é a máquina de cartão de crédito?"
Seattle, Cielo... qual a diferença mesmo?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

gente da família

Com o passar dos anos, o Campo Belo transformou clientes do bazar da dona Alice em pessoas da família. São relacionamentos que ultrapassaram os limites do balcão e viraram amizades, daquelas de dividir alegrias, tristezas e as coisas corriqueiras da vida. Teresa Barreto é uma delas. Desde que me conheço por gente, essa professora de literatura da USP já era cliente do bazar. Com o tempo, virou amiga e fonte inesgotável de dicas ótimas, desde pedreiros confiáveis a aulas de circo no bairro. Suas dicas são tão boas que minha mãe deu a ela o apelido de Disk-Barreto (ou Disco-Barreto, como diz dona Alice).
Esse ano percebemos como Teresa é parte de nossas vidas. Num sábado de manhã minha mãe acordou muito mal, sem conseguir sair da cama. Suspeitamos se tratar de uma crise de labirintite. Meu irmão colocou minha mãe no carro, tonta e delirante, sem falar coisa com coisa. Lá pelas tantas, já perto do pronto-socorro do hospital São Luiz, dona Alice diz: "Liga pra Barreto. A Barreto vai ajudar a gente".
Querida como só ela, assim que soube do blog, Teresa quis colaborar. Ela foi uma das primeiras a perceber que o bazar da dona Alice era recheado de histórias.

"Freqüento o Bazar Liang desde que me mudei para o Campo Belo, há quase trinta anos. Acompanhei as crianças em cada fase, música, karatê, vestibular. Diz Alice que eu cantei a bola sobre a aprovação de Lilian na USP. Devo ter sabido lá dentro, nem me lembro como. Mas na manhã seguinte, e para minha sorte, lá estava o nome dela nos jornais, aprovadíssima na ECA.
Comecei fazendo uma que outra comprinha, perguntando das crianças, cujos nomes me escapoliam. Usava cabelo liso, reto, com franja. Um dia, Alice perguntou-me se aquilo era peruca. A menininha que mal aparecia detrás do balcão riu amarelo, com vergonha. Respondi que não. A chinesinha não acreditou, queria uma prova. Ofereci-lhe as pontas do cabelo, que ela puxou. Com vontade. Desapareceu com meu ai, e a partir daí ganhei a confiança da família: eu dizia a verdade!
Belo dia, duas senhoras não se decidiam pela compra de um relógio. Será que levo? Ah, você é quem sabe... Mas é tão lindo... É, mas pense bem... E a compra que não atava nem desatava. Eu, ali, só observando. Até que tasquei: Alice, você tem outro relógio igual a esse? É para mamãe. A senhora irresoluta tirou-o do pulso, e passou-o para mim. De pronto, encarnei a justiceira: AB-SO-LU-TA-MEN-TE! As senhoras chegaram antes, e o que é certo, é certo! Preciso do presente só no final do mês, e tenho certeza de que Alice consegue outro, não é? Ela anotou o pedido num caderno universitário. A senhora mandou embrulhar seu novo reloginho. E eu, assim que ambas saíram, fui convidada a fazer algumas participações especiais em dias de muito movimento e excesso de indefinição.
As prosas, a amizade e a camaradagem foram sempre crescendo, mas devagarinho, no ritmo certo. Convites recíprocos sempre foram aceitos, o que sempre me honrou. Ter Alice, Ju e Lili numa homenagem a papai foi uma surpresa e a certeza de uma amizade bonita e sincera. Até porque as meninas me surrupiaram o convite e o aceitaram, na hora.
Já compartilhávamos lágrimas e gargalhadas.
No dia seguinte à morte de papai, fui com mamãe ver os amigos no bazar. Contei o ocorrido. Quando Juliana veio nos cumprimentar, Eugene lhe deu a notícia, em chinês. Entendi cada palavra. Diante da estupefação de Ju, confirmei-lhe o que Fu lhe havia dito. Alice, cheia de sabedoria e delicadeza, ofereceu o emprego de empacotadora a mamãe.
Amo a família Liang!"

A gente te ama também, Teresa!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

coisas que as crianças dizem

Menino de cinco anos, no bazar da dona Alice. Curte os carrinhos, namora os bonequinhos dos super-heróis e pára na vitrine de relógios, repleta de modelos infantis que mais servem para enfeitar o pulso do que para ver as horas. Como gente grande, repetindo o que já tinha ouvido sua mãe dizer em outras lojas, pediu para ver:
- Tia, posso dar uma "molhadinha"?
Só não entendeu nada quando a loja toda caiu na gargalhada.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

aretha

Depois que meu pai faleceu, em 2004, resolvi comprar uma golden retriever para minha mãe. Já fazia tempo que eu queria um cachorro (uns bons 20 anos) e aquela me parecia a ocasião perfeita. Cães eram terapêuticos, era o que eu tinha lido. Um cãozinho em casa ajudaria nessa nova fase, diziam meus amigos. Era o plano perfeito.
Só não contava com a relutância de dona Alice. Quando anunciei a decisão e comecei a listar todas as razões por que eu era uma gênia, ela me interrompeu: "Não quero saber. Se você aparecer com um cachorro aqui, eu mando você e ele de volta para o canil".
Um pouco intimidada mas não completamente convencida, levei o plano adiante. Junto com Chandra, amiga de infância, fui buscar Aretha em Cotia no aniversário de um mês da morte do meu pai. Ela chegou em casa filhotinha e foi recepcionada por uma família que não sabia nem como catar o cocô da pobrezinha. Sem esforço e antes que qualquer um percebesse, ela já tinha conquistado minha mãe. Eu realmente era uma gênia.
Passado o período de adaptação, dona Alice começou a levar Aretha para a loja, com dó de deixá-la sozinha em casa o dia todo. Obediente, Aretha logo aprendeu que não podia sair na rua. Fica na entrada da loja, recepcionando quem entra. Algumas pessoas têm um pouco de medo porque ela não é exatamente um cachorro pequeno, mas a maioria adora. Muita gente virou cliente porque parou para brincar com ela.
E os visitantes passam o dia todo. Tem o velhinho que mal saía de casa, mas desde que conheceu a Aretha, desce duas vezes por dia do prédio para vê-la. Tem o porteiro que todo dia se despede da Aretha no caminho para casa. Tem a moça bonita que passa dizendo "Gente, que linda!". Tem o seu Luís, vizinho e amigo querido, que passa duas vezes por dia na loja para dar docinhos para ela. Tem a madame que pára no farol com o carro, abre a janela e grita "Aretha!". E, lógico, tem as crianças - as pequenas Luísa e Marina são regulares - que aparecem para deitar e rolar com ela.












Mas mais do que ser um adorável cão numa loja, Aretha cumpre uma insuspeita função: lá no bazar da dona Alice, ela mantém uma atmosfera de cidade de interior.
O Campo Belo, antes um bairro tranquilo e repleto de casas de vovó, passa hoje por um processo de verticalização, com prédios de altíssimo padrão levantados da noite para o dia e gente que não anda mais na rua. Mas naquele pedacinho da Vieira de Morais, em volta da Aretha, as pessoas páram, se cumprimentam, sentam no degrau para afagar o cachorrão e jogar conversa fora. Um bem-vindo descanso para a correria do dia-a-dia.
Essas coisas nunca tinham me passado pela cabeça até outro dia. Era final de tarde, o tempo quente, as pessoas na rua. Quando me dei conta, vi que participava de um encontro inusitado. Enquanto os donos trocavam animadamente as últimas peripécias de seus cães, Aretha, Joy, Nina e Fred dividiam biscoitos coloridos - um delicioso chá da tarde canino.
Um dia como outro qualquer no bazar da dona Alice.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

cema conserta tudo

Iracema veio trabalhar como balconista no bazar da dona Alice com 15 anos. Magrinha, mirrada de tudo, mal pesava 45 quilos. Natural de Alagoas, morava na mesma rua que a gente, tinha um namorado chamado Cristóvão e uma cadelinha vira-lata chamada Samantha.
Não demorou para Iracema virar Cema. E Cema conquistou todo mundo da família com seu jeito bem-humorado e prestativo. Nunca teve medo de trabalho e adorava uma limpeza, seguida de arrumação. Atender clientes nunca foi seu forte. Para deixá-la feliz, bastava pedir para arrumar vitrines, estoques, gavetas. Lá ia ela, balde na mão, paninho para esfregar, mil produtos de limpeza. A loja pós-arrumação da Cema estava sempre tinindo.
Cema basicamente cresceu com a gente. Era quase uma irmã mais velha: ela tinha 15 anos, eu 10, meu irmão 8 e minha irmã 5.
Cema terminou os estudos e continuou no bazar da dona Alice. Quando achou que era hora, juntou os trapinhos com Cristóvão, seu primeiro namorado. Com ele teve uma filha, Gabriela, bebê de olhos grandes e riso fácil, hoje com 17 anos. O casamento não durou. Quando Gabi tinha pouco mais de dois anos, Cema conheceu um outro rapaz, seis anos mais novo que ela. Com Nilton, um baiano de poucas palavras e fã de Bob Marley, reconstruiu sua vida e teve outra filha, Isabela, que faz oito anos em setembro e é a miniatura do pai.
Como se não bastasse a mania de arrumação, Cema sabe um milhão de outras coisas: como pregar botões, costurar, tirar manchas de roupa, desatar nós, trocar bateria de relógio, colar vasos quebrados, tirar Super-Bonder dos dedos, aplicar tintura nos cabelos. Cema conserta tudo.
Com o passar dos anos, Cema virou membro da nossa família. Escuta os segredos de todo mundo, sem dar opinião, sem julgar. Só escuta. Virou confidente da dona Alice e sabe mais de minha mãe do que eu e meus irmãos juntos. Quando meu pai era vivo, era para Cema que minha mãe contava as brigas, as coisas boas, as conquistas. Depois que meu pai faleceu, é com Cema que minha mãe divide os sonhos premonitórios, os medos, as preocupações, as vontades - coisas que ela acha que os filhos não vão entender. Cema não fala nada, não dá bronca, não julga. Só escuta.
Outro dia, Cema ligou no celular da minha irmã. Já passava das nove da noite, horário inusitado para ela ligar.
"Juli, não fala pra sua mãe que sou eu, mas só estou ligando para avisar que ela está com uma dor no ombro que está me deixando preocupada. Falei para ela ir ao médico, mas ela não quer. Veja se vocês conseguem convencê-la."
Depois de tantos anos arrumando as gavetas do bazar, Cema aprendeu também a arrumar as gavetas emocionais da família. Tornou-se uma espécie de tradutora, ao me explicar, com pleno entendimento, coisas que eu acho maluquices da minha mãe; ou ao pedir mais paciência de meu irmão com atitudes aparentemente ilógicas da dona Alice. Com um vocabulário de cinco palavras em chinês, ela entende minha mãe e traduz para o nosso idioma. Tudo faz sentido quando ela explica.
Ano passado, Cema completou 40 anos e 25 anos no bazar da dona Alice, com um breve intervalo de dois anos. Continua com a mesma disposição de quando começou, só um pouco mais gordinha. E mais bonita, muito mais bonita. É o que todos dizem.