quinta-feira, 12 de abril de 2012

lucky long long

Long Long foi atropelado às 9h da manhã do dia 3 de janeiro. Um filhotinho de vira-lata, que resolveu mudar de ideia no meio da avenida movimentada. Meu irmão não teve tempo de brecar. Ao perceber o que havia acontecido, parou o trânsito para socorrer o pobrezinho. Comoção na rua Funchal, no Itaim. Algumas pessoas pararam para ajudar. Uma moça se colocou à disposição para ajudar no que fosse preciso. Uma senhora fez questão de acompanhar meu irmão numa terça-feira passada entre consultas, exames e radiografias, que constataram que o cãozinho havia sofrido uma fratura e precisaria de cuidados especiais. Passou três dias no hospital e foi batizado de Long Long - dragãozinho, em chinês. 2012 é o ano do dragão.
Eu e dona Alice, em férias em Santa Catarina, soubemos da saga através de um telefonema desesperado de meu irmão, pedindo o telefone da veterinária. Recebíamos updates detalhados à medida que a condição do cãozinho melhorava. Long Long, no final daquela semana, já estava fora de perigo.
E no final daquela semana, meu irmão também já estava completamente apaixonado por ele. Era um filhote de boa índole, dizia ele. E se olhasse bem, dava para ver que ele tinha algo de golden retriever, continuava. "Li, você não quer sondar com a mamãe se a gente não pode ficar com o Long Long?"
Não precisei ir muito longe. Dona Alice na hora sacou nosso plano genial e acabou com ele com um "não" categórico: não havia espaço para mais um cão na casa; a Aretha não ia gostar da competição; e no final das contas seria mais um cachorro sob responsabilidade dela.
O que ela não esperava é que o cãozinho fosse, de fato, tudo aquilo que meu irmão dizia. De volta a São Paulo, fizemos uma campanha online para encontrar um dono para Long Long. Já recuperado do susto mas ainda não 100%, ele passava os dias na loja, atrás do balcão. E bastaram dois dias para ele cair nas graças de dona Alice e dos clientes.
- "Vocês sabiam que ele me segue para onde eu for?"
- "Hoje ele conseguiu dar a volta em meio quarteirão! A patinha está melhorando."
- "Passou aqui um senhor querendo adotá-lo, mas acho que devíamos ficar mais um pouco com ele..."
Long Long recebeu tratamento VIP. Em sete anos, nossa golden retriever nunca viu um pedaço de carne. O cachorrinho acidentado foi tratado a arroz, frango, cebola e shoyu durante toda sua estadia.
Depois de quase duas semanas, Long Long foi adotado por um casal simpático que - surpresa! - caiu de amores por ele logo de cara. Beatriz, que acompanhou e auxiliou na história desde o início, e seu marido Gustavo se encarregaram dos cuidados que ele ainda precisava receber e o levaram para morar num sítio lindo, cheio de espaço, onde ainda teria a companhia de três pastoras alemãs para a folia.
Na hora da despedida, dona Alice quase não conseguiu conter as lágrimas. Fez uma marmita para o Long Long, brincou mais um pouquinho com ele, mas não conseguiu acompanhá-los até o elevador. Sentada no sofá, olhos marejados, confessou: "Puxa, estou arrependida de não ter ficado com ele."
Long Long, por sua vez, sarou completamente, ganhou uma nova família e mudou de nome: Lucky. Não tinha como ser outro.


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