sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

constante evolução

Na correria do mês de dezembro, dona Alice mal tem tempo para almoçar. O bazar vive lotado, clientes chegam com listas quilométricas e minha mãe, na adrenalina do balcão, esquece da fome. Quando dá uma brecha, ela corre para casa para comer alguma coisa. As refeições são sempre feitas às pressas, interrompidas por telefonemas, fornecedores e clientes que só aceitam ser atendidos por ela.
Eram quase duas da tarde quando ela conseguiu parar para almoçar hoje. Depois de devorar a comida em tempo recorde, o telefone começou a tocar insistentemente. Dona Alice estava escovando os dentes e não conseguiu atender. Começou a tocar de novo e enquanto descia as escadas correndo, minha mãe soltou, como se a pessoa da outro lado da linha pudesse ouvi-la: "Calma, cara (sic)! Não me faz pressão porque senão eu fico desequilibrada!"
É verdade o que dizem por aí: o português - pelo menos o de dona Alice - é uma língua em constante evolução.

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